segunda-feira, 19 de julho de 2010

A arte da Guerra entre vencedores e perdedores

Venho para o escritório  fechada em mim mesma.
Séria, compenetrada, decidida a invocar minha inspiração e trabalhar, trabalhar e trabalhar.

Colocar meus trabalhos em dia.

Nesta últimas semanas eu chafurdei em papéis antigos, examinando-os um a um. Arquivando uns, excluindo outros, numa limpeza necessária , obrigatória de organização mínima.
Quem mais poderia fazê-lo em meu lugar? Ninguém. E com isso vieram lembranças do passado recente, da observação crua de que o tempo passa rápido. Um, dois, três, dez anos....

Achei  até mesmo a ordem de serviço do Parque e Jardins para plantar uma árvore na calçada, de 16 de julho de 1991.

Revi fotos antigas, textos escritos por mim em confissões silenciosas de momentos passados...

Reabri feridas, tratei de outras, enchi meu coração de emoções variadas e meditei .Meditei sobre a morte. Se eu morrese hoje, qual de meus filhos teria a paciencia responsável de examinar cada pedacinho de papel, sua importância ou significado. Certamente achariam tratar-se de lixo reciclável e venderiam aos pacotes ou simplesmente em sacos para o lixeiro carregar anotações de uma vida inteira.

Coloquei o fone de ouvido e liguei o radio do celular para fugir aos burburinhos dos escritório. Ligações, chamados, lamentos infantis de quem se acomoda e não procura ter iniciativa, " se virar", realizar, resolver.

Volta e meia sou chamada de meu isolamento para atender um ou outro. Não imaginam como preciso me encontrar com meu próprio eu , vencer a mim mesma e aos meus conflitos, deixando fluir o espírito da justiça , da fé, da razão , da verdade em meus arrazoados.

E assim aparecem palavras, textos, que parecem refletir o nosso pensamento. E hoje eu li em um blog ótimo, um artigo do Prof. A. Lopes Sá, que não podia deixar passar desapercebido:

“Ideal seria que pudéssemos jamais ter contendas, vivendo em paz, livre da maldade, ambição, inveja e rancores de outras pessoas.

Mesmo sem praticar o mal, todavia, sem realizar provocações, conquistamos ‘inimigos gratuitos’.
Basta que sejamos bem sucedidos, que estejamos sempre ao lado da virtude, para que sejamos alvos de ataques.
Parece mesmo haver uma predileção para atingir quem tem valor.
Se atingidos, todavia, é legitimo defender; defender-se não é um erro, mas, um dever.
Nunca justifica errar por que os outros erram, mas, na defesa de princípios, da benevolência, não cabe a omissão.
Se não se consegue evitar o ataque, o atentado aos nossos princípios éticos, não é recomendável que por medo ou displicência se deixe subtrair o que conquistamos ou que nos é deveras atribuível como mérito e posse.
A vida é, pois, como uma batalha; tem vencedores e perdedores.
Alcançam êxito os que acreditam no sucesso, mesmo quando os problemas parecem superiores às forças disponíveis.
Mesmo quando tudo parece conspirar contra as soluções, o uso da inteligência, a confiança, são fatores que tendem a superar o considerado como ‘impossível’.
Sob certas circunstâncias a própria adversidade pode ser transformada em solução, ou seja, é possível usar a própria força do antagonista para vencer uma contenda.
Quando enfrentar alguém é inevitável a solução é traçar uma estratégia, ou seja, planejar racionalmente a contenda.
A história está cheia de exemplos que podem ser tomados como analogias.
Assim, foi em um dia pleno de neblina, sem sol, em terreno encharcado que Napoleão venceu as tropas russas e austríacas, essas duas vezes maiores em número que a dos franceses.
A batalha de Austerlitz ficou na história como uma lição de estratégia.
Os grandes generais sempre se caracterizaram pela inteligência na manobra de suas tropas; assim, também, ocorreu com o cartaginês Aníbal Barca que por vezes venceu o poderoso exército romano, até que Cipião o imitasse em tática para derrotá-lo.
Quando se tem a impressão de que nada mais resta a fazer, ainda podem existir soluções que resolvam problemas tidos como insuperáveis.
Lutar, pois, requer inteligência, obstinação e crença; exige confiança em si mesmo, perseverança nas atitudes e crença na força do destino, na participação de energias próprias e que podem ser invocadas.
Vergonha não é eventualmente perder uma luta, mas, sim, fugir dela.
Mesmo derrotado perante terceiros é vencedor aquele que intimam ente conserva a consciência limpa por haver dentro dos limites de suas forças lutado e mantido de pé, intacto, o ideal que defendeu.
A maior vitória, pois, é a que se consegue sobre si mesmo e esta depende da superação do medo, da manutenção de um estado de tranqüilidade interna, da convicção de haver defendido a verdade.” (Fonte: www.lopesdesa.com.br)

Fala sério: É lindo, profundo, verdadeiro, maravilhoso texto . Merecia esta sendo citada na primeira página de uma defesa processual, pela dignidade transcrita nas palavras.

Então, neste momento, voltada para dentro de mim, longe de sentir a calmaria, busco o espirito reto e equilibrado, a lógica e o bom senso para brilhar, aclarar minhas idéias e pensamentos.Em verdade  não gosto das palavras " vencedores e perdedores" . Ambas machucam e ferem, porque não há necessidade de guerrear.

e para fechar o dia:


Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.
Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.
Pablo Neruda



(Senhora B - 19 de julho de 2010 - 21:43Hs)

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