segunda-feira, 29 de dezembro de 2008




Se o vento falasse através da chuva que cai, sussuraria
palavras de ternura e consolo.

A dor nos faz egoísta, e apenas ouvimos os clamores do próprio
coração.

Que tamanha dor!

Mas aberta marcas de profundo sofrimento, a quem somente se
confessa ao vento e a chuva por puros em sua natureza e compreensivos
por sua observação muda, vê-se que a convalescença é lenta...

...tão lenta quanto dolorosa e se faz a busca do Espírito para sobrepor-se
aos obstáculos da vida.

Esperava do tempo, algo que somente poderia encontrar dentro de mim.

Respostas sussurradas pelo vento e pela chuva , que não quiz ouvir.


A terra seca vivificava-se novamente com a natureza que derramava gotas milagrosas
e floresciam as árvores, o verde do gramado.

Tão importante é o sonho e o quanto é difícil divisá-lo da realidade...

Brinca o tempo comigo, quando com seriedade o via passar.

Esqueci de viver e nada posso fazer.

Continuo admirando a Paz, a Chuva, as gotas serenas que sobre meus lábios rolaram
e que trouxeram vida a minha'lma sofrida, e orando pela restauração das dores que somente
a alma calada e silenciosa, observadora e sensível pode perceber quando transpassa no
olhar, é que posso seguir adiante.

Tão belo é o meu homem!
Quantas mulheres não desejariam tê-lo para si? Quantas será que o cobiçam e me invejam?
Sim, ele é belo.
Toda a sua beleza porém, não o faz delicado. É um ser desconfiado que adoece sua própria alma.Não crê!

Cega de amor e de paixão o venho seguindo como a um deus.
É um deus homem, de carne e osso, é o homem fatal de minha vida.

A única lei para mim sempre foi a do coração e minha alma ferida, estraçalhada, rasteja por seus breves momentos de amor.
Doentia paixão que me cega, enfraquece minhas vontades, faz-me submissa à sua voz imperiosa.

Belo homem que não enxerga meu coração, não acredita nem dimenciona meu amor.

Meu marido, meu homem por dezesseis anos , por mais de 5.840 dias e que não me conhece...
E poderíamos ser imensamente felizes, rir e brincar, amar e viver um para o outro...

Vivo iludida sim, não quero pensar materialmente, para quê? Se assim estou foi para ao seu lado ficar, respirar o mesmo ar, cheirar o suor deste homem, beijá-lo nos momentos mais inesperados...

A cada filho, quiz imprimir reflexos deste amor, concretizar neles meu egoísmo, minha sede , réplicas e reflexos de meu homem, de meu amor...

Para quê?...
Os dias se passam, avançam-se os anos.
Quando viverei a plenitude deste amor? Peco pelo meu romantismo desvairado e sufocado?

Não, não sei se tu podes ser mais querido por alguém do que por mim, eu não maldigo minha escravidão, se é por amor.

Tens tudo de mim e peço tão pouco , e se sentes sufocado.
Te afogo, te sufoco com meu amor.

Me revolto. Me afasto. Olho a vida!
Te provoco e vejo reação. De que adianta? Amanha será tudo igual novamente...

Mas é a voce que eu quero.
É voce o senhor de meu coração, e é por voce que passados dezesseis anos, meu coração pulsa forte e me faz idiota em olhar-te embevecida ainda de paixão.

Como te amo quando me acaricia, quando graceja comigo , e me ama. Te queria eternamente assim , nestas frações de segundo em que sou completamente tua.

Ninguém te ama assim e você não valoriza este amor , me magoa e me faz odiar-te com tuas grosserias.

10/06/95

Os quarenta....


Os quarenta....


Só longe da juventude, cujo alge alcançava, é que pensamentos remotos me fazem refletir...

O que são desejos carnais?
Será a libido incendiada pela paixão do desconhecido?

Madura vejo agora com outros olhos o reverso. Será a idade?

Me disse outro dia, um contador de causos ao ouvido da circunspecta mas simpática advogada sobre a crise dos homens de quarenta.

Que todos a ela chegam e se torna um perigo a paixão fulminante que domina os sentidos do macho que quer sentir-se vivo ao dominar uma jovem de vinte, carne dura, lábios roliços, sexo tentador pelo que não sente aberto a tentar os gozos do amor com a velha companheira, cujo corpo, cujo forma, foram se modificando com o tempo, com os filhos.

Consciente da loucura que poderia devassar seu enlace, afirmou que firmemente não se envolvia fisicamente com o receio de ser consumido pelos perigos tentadores, pelos prazeres fartos oferecidos sem pedir, mas seu coração e seu pensamento divagava.

E com ares de profundo conhecerdor do assunto, como quem falasse para si mesmo, afirmou: Feliz é você, que tem um casamento unido, ama seu marido e ele te ama, e olhe, não deixe que isto aconteça com ele...

Por isso te olhei, buscando respostas que somente o olhar pode responder, imaginei se a crise que eu desconhecia, afinal nunca fiz psicologia, chegou a você.

Falta agora a cumplicidade que nos excitava, devassando nossas almas e nossos corpos para finalmente saber se esta “crise”realmente existe ou se é fruto da imaginação...


13/12/97 - sábado, 12:45

Meu bem...minha querida...





Meu bem...minha querida...
Nunca te ouvi falar assim.

São dezenove anos juntos não te vejo falar amor, vibrar comigo, com nossos filhos.

É como se a nossa relação estivesse desgastada e sem quaisquer outras perspectiva de vida.
Dizem assim da carência das pessoas casadas. Temos um companheiro(a), um amor, sexo e nada mais.

Já não existe o afago , o agrado, os olhos nos olhos que emocionam. Há sim, a posse, o domínio. Sentimentos que fazem ver as frustrações mas que não será mudado com outra pessoa.

É apenas uma questão de tempo e de forças. Se outro (a) satisfizer as emoções, certamente não irá satisfazer o intelecto. Demonstrará a fragilidade que não pode existir numa relação a dois.

E aí olho o céu cinzento, as chuvas que quase não caem , ( ou será que não a percebo mais?) e o coqueiro balouçando as folhas serenamente, sempre com seus cocos, sem aparentar qualquer mudança ao .longo dos anos.

O que fazer...

10/10/98 às 16:45

Lá fora, a noite já surgiu...


Lá fora a noite já surgiu, com brisa fria, noite profunda, nuvens no céu a encobrir a lua que teimava em despontar radiosa. Um quadro perfeito. Faltava o banco e o jardim para completar a cena romântica.

Eu só. Eu admirando o horizonte infinito, a luz distante do avião que planava ao alto do céu matizado de um azul petróleo .

Olhei ao redor. Vi luzes, vi casas estranhamente silenciosas e serenas. Olhei novamente o céu e agora a lua sobressaiu-se sobre as nuvens e estava lá, amarelinha , redondinha, linda, provocando suspiros em tantos.

Estou em paz comigo. Até o baloiçar das folhas do coqueiro sempre discreto e brilhante não ofuscou a minha tranqüilidade. É tão gostosa esta sensação de paz de espírito, sem paixões ...21/05/97 20:06:18

Hora e pouco se passaram, o vento agora está mais forte e açoita portas e galhos de árvores. Ele não sussurra. Há quanto tempo não chove mais e assim com a alma lavada, sigo a vida.

Procuro ouvir as vozes da natureza e elas nada falam. Busco ouvir meu coração e ele , distraído, não me dá ouvidos, busco entender meus sonhos, mas são viagens noturnas que me fazem ao acordar, trazer comigo as sensações nele vividas por todo o dia.

Busco nestas horas de serenidade, palavrinhas que possam expressar o que desejaria falar, mas somente chega a minha memória, o luar das noites de junho, os caminhos de trilha iluminados pela lua cheia, o som de músicas que traz enlevo a alma , aos sentimentos, aos desejos, as carícias.
22.05.97 22hs:04

Mágoa


Descrever a mágoa que senti, é dizer que ela assemelha-se a um corte cirúrgico: Frio, sensação do corte, dor profunda, e um calor intenso a envolver o local (coração) como se o sangue quente ali jorrasse.

Esta é a minha descrição. A seguir, sobe um nó na garganta, incômodo ,que faz brotar grossas lágrimas nos olhos, e um suspiro profundo, na tentativa de não deixar rola-las.

Abaixo a cabeça para que ninguém perceba que estou chorando e evito falar, porque as palavras não saem, presas no peito.

A dor intensa persiste por algumas horas, e ao ficar sedada, deixa as marcas de tristeza no semblante apagando o brilho do olhar.

É claro que o corte cicatriza. E não há maneira melhor de viver do que esquecer aqueles momentos de intensa dor. A cura é o perdão.

Mas corte sobre corte gera um local insensível ao tato, cria resistência a sensibilidade e endurece. O bisturi já não assusta. O grito que fere gera defesa inesperada, e vem a agressividade.

A dor da mágoa é tão ruim...

A mágoa não deveria existir .27/06/97 15:35:12