quarta-feira, 28 de julho de 2010

Beão

Beão foi um menino negro. Negro com um sorriso largo no rosto.
Quase não falava. Ria e comia muito.
Beão com sua suposta bobeira, respeitava mamãe. Foi, durante um tempo, uma cria dela. Mais uma destas pessoas que passaram por seu caminho, e que ela ajudou, acolheu, alimentou, orientou.
Mamãe nunca virou as costas para Beão.
O pobre rapaz negro envolveu-se certa vez, numa briga. Nesta briga houve morte. Dizem que jogaram para ele um canivete e com ele feriu o outro que veio a falecer. Falaram em legítima defesa. Foi preso. Mas todos daquele lugar continuaram a dar apoio ao pobre e negro rapaz.
Humilhado pela vida, sem família, trabalhava para viver ou vivia de favor.
O tempo passou...Vi o Beão em 2008, quando mamãe teve mais uma crise de tudo e praticamente não falava. Beão estava ao seu lado, atendeu o telefone. Falou comigo, atendeu meu pedido de socorro para salvar mamãe. E ele buscou ajuda, e mais uma vez ela foi salva para retornar para minha casa e ficar seus últimos dias ao meu lado.
Nunca mais vi Beão. Até pensei nele, em trazê-lo para trabalhar comigo, fazer alguma coisa...mas o tempo passou e quase não vou a cidadezinha que minha mãe tanto gostava.
Hoje recebi a notícia que Beão morreu.
Penso na longa jornada deste rapaz e peço a Deus, aos espiritos socorristas, que olhem por ele e considerem as bondades de sua vida. Que sua alma fique em paz. Não posso esquecer que de uma forma ou outra, ao seu jeito, ele atendia a minha mãe sagrada e amada.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Consternação....dor da perda.

Não posso deixar de registrar esta consternação que aperta meu coração. Esta semana  eu vi  pelas manchetes o semblante arrasado da Cissa Guimarães, com a perda de seu filho caçula. Menino lindo, mãe coruja, fatos que somente Deus pode explicar ao recolher a jóia preciosa desta atriz tão simpática, com tanta vivacidade e brilho nos seus olhos...
Não há palavras que possam expressar a dor desta perda. Ainda não estou refeita do luto por minha mãe. Ainda rolam lágrimas sentidas, quando leio as mensagens que fiz para ela ou quando olho o manto azul escuro do céu, repleto de estrelas sob o brilho do luar, buscando ver este mundo invisível aos nossos olhos, onde nossos entes queridos agora vivem. É uma dor muda. Não há som ou comunicação, apenas silêncio. Levanto meus braços , num abraço carente e saudoso , jogo beijos para o alto na esperança de que chegue até o seu coração. Penso no livro " Violetas na Janela" e imagino sinceramente que mamãe sente e recebe o meu carinho solitário e de longe observa minha saudade imensa, meu desejo de sonhar e de vê-la, senti-la próximo
Tudo tem seu tempo e o dela , de ficar aqui passou. Não entendemos, não aceitamos, mergulhamos em buscas, leituras, novos conhecimentos de uma vida, que para o espírita é de fácil aceitação. Nesta esperança acreditamos. Nesta esperança nos agarramos. E penso nas palavra de Jesus, que dizia: Na casa de meu Pai, tem muitas moradas....
O terror da morte, da perda, da constatação, da impotência de dar-lhe o sopro da vida é ainda tão presente, que a consternação e a dor pela passagem breve, brusca e rápida de um anjo, me abalou. O que dizer? Não se pode consolar uma mãe que perdeu um filho. Não se pode consolar um filho que perdeu uma mãe.  Somente Deus em sua infinita bondade pode suavizar esta dor, esta ausência , para seguir a vida e cumprir os desígnios que nos destinaram antes de nascermos. Não é porque se trata de uma pessoa pública. Mas o brilho espontâneo dos olhos de uma mãe terá sempre ao fundo uma marca de sombra e de saudade.
Que Deus em sua infinita sabedoria possa trazer a você, Cissa, o consolo, no momento certo, amenizando as dores que nunca passará, até que possam se reencontrar novamente em uma dessas lindas moradas que o Senhor nos prometeu.
(Senhora B  22/07/2010 - 22:34hs)

Pressentimentos....


Meu coração sempre estremece quando alguma coisa ruim está sendo tramada e mesmo sem saber de onde vem as setas, minha'alma fica em alerta, pressentindo os trovões...
 
Estou em sentido de alerta desde a semana passada e agora fatos confirmam a eletricidade negativa que eu sentia sendo lançada sobre mim, sobre nós. Porque incomodamos algumas pessoas, se não temos tempo para fofocas, maldades, intrigas. O que nós temos que incomoda tanta gente?

A estas pessoas eu clamo a Deus piedade! Clamo por luz, por amor. São secas, infelizes e sem brilho.

Não sou tão boazinha assim que não tenha sentido lampejos de raiva e de revolta...mas....é isto que pessoinhas deste tipo desejam nos provocar. Mas refletindo bastante, não vale a pena perder a cabeça. Deixa pra lá.  Estes pessoas só sabem apreciar o fel e jamais sentirão o doce sabor do mel.

(Senhora B - 22 de Julho de 2010 22:02hs) 

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Faxina.... eis a palavra que define estas ultimas semanas no escritório. Nossa, mãe! tantos papéis antigos. Arrumação nas gavestas, nos arquivos.

Cansativo mas necessário. Tudo há uma razão de ser , e agora temos que dar esta geral, renovar energias, jogar papéis fora, por a vida em ordem.

Que caos. Pior é que para isto acontecer, depende de minhas forças, minhas energias, de colocar a mão na massa. Esse povo não gosta de trabalhar, não, gente.

Confesso que hoje fiquei carente . Cansada pelos últimos dias estar com o filhote n.º 02 doente, de enfrentar UPAS e Hospital, agora o Senhor B passa mal. Nem veio ao escritório hoje. Misturou exaustão, estresses, mal estar e sei-l-a mais o que, já que ele não se cuida, não se trata. Mas se por um lado bate esta carencia, esta necessidade de colo, por outro lado fico feliz e dou graças a Deus pela força, ânimo e iniciativa que possuo. Tem que ter muito bom astral....

Êpa, a luz acabou, ficou o rascunho pendente de publicar...ah! Não vou jogar fora. Deixa como está!

A arte da Guerra entre vencedores e perdedores

Venho para o escritório  fechada em mim mesma.
Séria, compenetrada, decidida a invocar minha inspiração e trabalhar, trabalhar e trabalhar.

Colocar meus trabalhos em dia.

Nesta últimas semanas eu chafurdei em papéis antigos, examinando-os um a um. Arquivando uns, excluindo outros, numa limpeza necessária , obrigatória de organização mínima.
Quem mais poderia fazê-lo em meu lugar? Ninguém. E com isso vieram lembranças do passado recente, da observação crua de que o tempo passa rápido. Um, dois, três, dez anos....

Achei  até mesmo a ordem de serviço do Parque e Jardins para plantar uma árvore na calçada, de 16 de julho de 1991.

Revi fotos antigas, textos escritos por mim em confissões silenciosas de momentos passados...

Reabri feridas, tratei de outras, enchi meu coração de emoções variadas e meditei .Meditei sobre a morte. Se eu morrese hoje, qual de meus filhos teria a paciencia responsável de examinar cada pedacinho de papel, sua importância ou significado. Certamente achariam tratar-se de lixo reciclável e venderiam aos pacotes ou simplesmente em sacos para o lixeiro carregar anotações de uma vida inteira.

Coloquei o fone de ouvido e liguei o radio do celular para fugir aos burburinhos dos escritório. Ligações, chamados, lamentos infantis de quem se acomoda e não procura ter iniciativa, " se virar", realizar, resolver.

Volta e meia sou chamada de meu isolamento para atender um ou outro. Não imaginam como preciso me encontrar com meu próprio eu , vencer a mim mesma e aos meus conflitos, deixando fluir o espírito da justiça , da fé, da razão , da verdade em meus arrazoados.

E assim aparecem palavras, textos, que parecem refletir o nosso pensamento. E hoje eu li em um blog ótimo, um artigo do Prof. A. Lopes Sá, que não podia deixar passar desapercebido:

“Ideal seria que pudéssemos jamais ter contendas, vivendo em paz, livre da maldade, ambição, inveja e rancores de outras pessoas.

Mesmo sem praticar o mal, todavia, sem realizar provocações, conquistamos ‘inimigos gratuitos’.
Basta que sejamos bem sucedidos, que estejamos sempre ao lado da virtude, para que sejamos alvos de ataques.
Parece mesmo haver uma predileção para atingir quem tem valor.
Se atingidos, todavia, é legitimo defender; defender-se não é um erro, mas, um dever.
Nunca justifica errar por que os outros erram, mas, na defesa de princípios, da benevolência, não cabe a omissão.
Se não se consegue evitar o ataque, o atentado aos nossos princípios éticos, não é recomendável que por medo ou displicência se deixe subtrair o que conquistamos ou que nos é deveras atribuível como mérito e posse.
A vida é, pois, como uma batalha; tem vencedores e perdedores.
Alcançam êxito os que acreditam no sucesso, mesmo quando os problemas parecem superiores às forças disponíveis.
Mesmo quando tudo parece conspirar contra as soluções, o uso da inteligência, a confiança, são fatores que tendem a superar o considerado como ‘impossível’.
Sob certas circunstâncias a própria adversidade pode ser transformada em solução, ou seja, é possível usar a própria força do antagonista para vencer uma contenda.
Quando enfrentar alguém é inevitável a solução é traçar uma estratégia, ou seja, planejar racionalmente a contenda.
A história está cheia de exemplos que podem ser tomados como analogias.
Assim, foi em um dia pleno de neblina, sem sol, em terreno encharcado que Napoleão venceu as tropas russas e austríacas, essas duas vezes maiores em número que a dos franceses.
A batalha de Austerlitz ficou na história como uma lição de estratégia.
Os grandes generais sempre se caracterizaram pela inteligência na manobra de suas tropas; assim, também, ocorreu com o cartaginês Aníbal Barca que por vezes venceu o poderoso exército romano, até que Cipião o imitasse em tática para derrotá-lo.
Quando se tem a impressão de que nada mais resta a fazer, ainda podem existir soluções que resolvam problemas tidos como insuperáveis.
Lutar, pois, requer inteligência, obstinação e crença; exige confiança em si mesmo, perseverança nas atitudes e crença na força do destino, na participação de energias próprias e que podem ser invocadas.
Vergonha não é eventualmente perder uma luta, mas, sim, fugir dela.
Mesmo derrotado perante terceiros é vencedor aquele que intimam ente conserva a consciência limpa por haver dentro dos limites de suas forças lutado e mantido de pé, intacto, o ideal que defendeu.
A maior vitória, pois, é a que se consegue sobre si mesmo e esta depende da superação do medo, da manutenção de um estado de tranqüilidade interna, da convicção de haver defendido a verdade.” (Fonte: www.lopesdesa.com.br)

Fala sério: É lindo, profundo, verdadeiro, maravilhoso texto . Merecia esta sendo citada na primeira página de uma defesa processual, pela dignidade transcrita nas palavras.

Então, neste momento, voltada para dentro de mim, longe de sentir a calmaria, busco o espirito reto e equilibrado, a lógica e o bom senso para brilhar, aclarar minhas idéias e pensamentos.Em verdade  não gosto das palavras " vencedores e perdedores" . Ambas machucam e ferem, porque não há necessidade de guerrear.

e para fechar o dia:


Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.
Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.
Pablo Neruda



(Senhora B - 19 de julho de 2010 - 21:43Hs)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Oração silenciosa

Aflições de mãe.
Tenho visto e ouvido tantas notícias ruins na televisão, custando a acreditar no potencial de maldades que pode habitar no coração humano , sob vários títulos.
Consternação, compaixão e dó , pela vítima e pelos seus entes queridos. Estarrecimento diante das atitudes de seus algozes.
E fatos assim me levam a pensar nestas almas que não se corrigem...

Deus, afasta de nós todas as maldades do mundo! Deus, o amor sincero é benigno, afaga o coração do homem, afasta as maldades de seus corações.

Momentos de refletir, de ajoelhar-se e clamar por Deus, pela misericórdia Divina e clamar pela paz no mundo e entre os homens.

O mundo, as pessoas, tudo pode ser bom. É necessário ter Fé, Amor, Compaixão, temor e respeito.

Senhora B, em 09 para 10 de julho de 2010, 'as 00:14 , aguardando para apanhar um filho no UPA, com febre....preocupações de mãe, responsabilidade de mãe, amor de mãe!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Saudades


Mãe querida, mãe amada...minutos de saudades intensas. A minha mente retrata o seu rosto, deitadinha na cama. Hora do almoço. Você estava na casa de cima, mas estava aqui, perto de mim, minha. Minhã mãe tão amada. Êta saudade ! Fisga o coração, os olhos, as lágrimas brotam sozinhas. Por onde andará você agora, neste novo mundo em que vive? Por mais que eu creia no espírito, ainda é terrível e difícil acreditar na morte. Acreditar que um dia teremos que nos desapegar dos sentimentos, da presença vibrante, física ou não, de um contato telefônico, de um abraço, de uma palavra amiga.


Ficou a sensação carinhosa de sua presença constante. Isso , aqui na Terra, para mim, é o seu maior presente: a sua presença interior dentro de mim, de meu coração, de minha mente, de minha alma sempre unida a sua, mãe amada. Saudades, saudades. Sempre o meu eterno beijo para voce.

Senhora B - 06/07/2010 - 13:24 hs

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Desabafo

Estar sujeita a um trabalho, é mais do que escravidão. É submissão, escravidão, constrangimento.
Nestes últimos dias foi assim que me senti.
A desilusão com o ser humano, há muito tempo, duela em meu coração e em minha mente, os sentimentos humanos e aqueles divinos de perdoar e esquecer.

A dura realidade mostra como as pessoas pensam apenas e tão somente em si. Eu não caí na "real", ainda!
A pessoa esquece sua humildade, seu passado... suas lástimas... usa...abusa do trabalho...do nosso suor, das noites passadas em claro em nome da responsabilidade...não há contraprestação digna. Apenas manipula. Um dia aparece, ou não. Telefona apenas para dizer que outra pessoa fará o seu trabalho. Mas...não quer pagar por ele! Que feio.

Triste, deprimente, constrangedora horas de negociação sob pressão para se chegar a um valor vil, desprezível e refletir mais uma vez , se vale a pena ter "pena" do ser humano, pobre coitadinho, que chora mágoas e misérias financeiras , e voce com dó, se torna parceiro, sócio de trabalho, de suor...

O rosto irônico, frio, seco, palavras que surpreendem a alma delicada e fina de trato , é dificil esquecer. Mais um! É assim a rotina da vida , do trabalho.  Mas sabe, nem seria bem isso a falar de um mês denso, agitado, e ainda por cima com uma Copa do Mundo a trapalhar quer quer e precisa trabalhar.

Não dá para falar de São João , de São Pedro, das noites frias do inverno que chegou e da maravilhosa lua cheia que brilhava no céu entre as estrelas. Não dá para falar sobre a admiração muda da natureza noturna, manto sagrado que cobre a terra. A imaginação que vai longe, imaginando, buscando os seres amados em outras moradas. De olhar os aviões trilharem neste manto sagrado com o luar despontando no céu...De analisar os traços criados pelo Senhor B, no amor de seus exaustivos detalhes de uma obra recomeçada para acabamento de um pedacinho a mais de tantos outros pedaços a fazer... Não dá para falar da pessoa ingrata, que sempre viveu lá embaixo, pisada, e a quem se estende a mão na esperança de burilar sua alma e seus conhecimentos.

Não dá para falar das atitudes dos filhos, a volta de seus umbigos esquecendo que somos também seres humanos, cansados, magoados, estressados, decepcionados e nem sempre conseguindo esconder as lágrimas silenciosas que deixam em rolar pelo rosto, na tentativa de aliviar a pressão da alma... Somos apenas nós mesmos e Deus por apoio, por ombro amigo, por restauração de tantas emoções e sentimentos. O egoísmo decepciona. Amargura, desencanta.

Senhora B - 01 de julho de 2010 - 23:31hs