quarta-feira, 31 de março de 2010

E sá se foi o mês de março...

Hoje encerra-se mais um mês deste ano de dois mil e dez. Estou vendo uma luz no final do túnel, saindo pouco a pouco de meu bloqueio, retornando minha inspiração de trabalho.  Renovações de mão de obra, entusiasmando-se com  o revigoramento do conhecimento do trabalho. É certo que muitos obstaculos ainda atigem o seio de minha família, de meus filhos, mas estamos seguindo em frente, dia após dia, pedra sobre pedra, obstáculos eliminados um por um, com calma, com paciencia, com serenidade.



Ainda fico surpreendida com as intrigas e fofocas que nos rodeiam. Pessoas que não tem o que fazer, ficando a se preocupar com terceiros, com acontecimentos que não lhes dizem respeito, num desejo infâme de intrometer-se na vida do outro.

Eu , decididamente não suporto isso. Não gosto de fofocas, não gosto de dar satisfações de nossos atos ou hábitos de conversar com um ou com outro e ter que se justificar porque constrangimentos indiretos pretendem cercear a nossa liberdade e esmiuçar nossas vidas pelo prazer  de falar sobre o alheio.

Telefonemas inesperados, absurdos, jogo de palavras para apurar o quê?  Chego a impressionar-me com a capacidade que as pessoas tem de criar, inventar histórias futeis, amargas, que prejudicam gratuitamente os outros. Isto para mim é pura intriga para provocar quem está quieto. O que desejam?

E assim fecho este mês, lendo crônicas maravilhosas do Arnaldo Jabour, revendo as decisões de meus filhos individualmente, seja de uma casa, ou de um trabalho ou de uma namorada, ou de frustrações, indecisões, inseguranças de um, ingenuidade de outros.

Fecho este mês, ainda contundida no joelho e tornozelo sem ter procurado um atendimento médico especializado. Hummmm, também não é para menos. Estou descrente e decepcionada com estes profissionais, mas não posso julgar todos por alguns não é. Vamos respirar fundo, meditar, crecer na alma e no pensamento, abrir o coração a bondade, a paz, porque somente assim conseguiremos dar a volta por cima. Amém, né!

(Senhora B - 31/03/2010 - 23:30hs)

sexta-feira, 26 de março de 2010

Momentos

Quando estou aqui, 'a frente desta tela do computador, meus pensamentos fervilham numa auto-crítica.
Posso dizer que, apesar de tudo, eu tenho uma vida feliz.Tenho minha casa, meus filhos, meu esposo que liga para meu celular "trocentas" vezes a cada vez que ele sai ou que eu saio.... ( interrompo meus pensamentos para jantar, soltar os cães, conversar com a empregada, bater um papo com os filhos , atender as ligações de cliente, irmã...)

E e isso. Semana passada ajeitamos o murinho do jardim do canil, passamos um final de semana cansados, mas felizes. Meus neuronios, minha inspiração retornam aos poucos... mais um sexta feira chegou..rapida e a Páscoa bate as portas sem que um mesma percebesse. É a vida fluindo novamente...

Senhora B. 26/03/2010 - 21:06hs


segunda-feira, 22 de março de 2010

Saudades de minha mãe

SAUDADES.
ESTA PALAVRA ME ACOMPANHA DIARIAMENTE, POR TODAS AS HORAS, POR CADA MINUTO, POR CADA LEMBRANÇA QUE TENHO DE VOCE, MAMÃE.

OS OLHOS MAREJAM. VEJO AS ÁRVORES, O CÉU, UMA PASSAGEM, AS ESTRELAS NO CÉU. SUA PASSAGEM É AINDA UMA FERIDA ABERTA EM MEU CORAÇÃO. NÃO DEVIA CHORAR, EU SEI. AFINAL VOCE ESTÁ EM ALGUM LUGAR ACIMA DE NOS, SEGUINDO NESTE OUTRO MUNDO, UMA OUTRA VIDA, QUEM SABE MAIS FELIZ, MAIS LEVE, ILUMINANDO-SE CADA VEZ MAIS, E NOS AGUARDANDO COM SEU INFINITO AMOR, PORQUE EU SEI, DISSO TENHO A CERTEZA., DE QUE, QUANDO A MINHA HORA CHEGAR, VOCE ESTA AO MEU LADO, SEGURANDO MINHAS MÃOS, E NÃO HAVERÁ MEDO, NEM DOR.

ENQUANTO ISSO, DEVO SEGUIR MINHA JORNADA, CUMPRIR MINHAS TAREFAS TÃO MAL REALIZADAS, REGAR MINHAS SEMENTES, CULTIVAR NELAS O AMOR INFINITO POR DEUS. DESVIÁ-LOS DOS CAMINHOS TORTUOSOS. SER A MÃE QUE VOCE FOI PARA MIM.

NÃO TENHO COMO DEIXAR DE CHORAR, DE EMOCIONAR-ME AO PENSAR EM VOCE. SINTO-ME SIM, CRIANÇA OUTRA VEZ, LONGE DE VOCE.

MAS ORO A DEUS PARA QUE VOCE SEJA E ESTEJA SEMPRE MUITO ILUMINADA, MÃE AMADA.

Meu beijo para voce!

(Senhora B. 23:13hs -22/03/2010)

quarta-feira, 17 de março de 2010

Marina Colasanti, amei seu poema!


Eu sei, mas não devia

Marina Colasanti

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.
As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.
Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.